Curiosos nas Redes Sociais: É Bom ou Ruim para os Negócios?
Se você já navegou por conteúdos de gurus do marketing digital, provavelmente ouviu afirmações do tipo:
“Eu vou te ensinar a eliminar os curiosos e atrair apenas compradores.”
Essa promessa soa sedutora, mas carrega uma falácia que pode prejudicar empreendedores e profissionais de marketing, principalmente os que estão começando: a de que a curiosidade é um problema a ser combatido.
Na realidade, tudo começa com a curiosidade. Quanto mais experiência acumulei no marketing digital — seja gerenciando tráfego, criando produtos ou lançando campanhas — mais claro ficou para mim que demonizar os curiosos é, na verdade, uma postura de quem ainda não compreendeu profundamente a jornada de compra e o funcionamento dos diferentes estágios do funil de vendas.
Neste artigo, vamos desmontar essa crença e mostrar por que curiosos nas suas redes sociais podem, sim, ser muito bons para os seus negócios. E, principalmente, por que o verdadeiro debate deveria ser: como transformar curiosos em compradores?
1. Toda Venda Começa com uma Semente de Curiosidade
Imagine que você está passando por um feed de redes sociais. Entre centenas de estímulos, algo chama sua atenção: um vídeo, um post, um anúncio. Nesse momento, você não sabe se vai comprar — mas algo se destacou a ponto de merecer seu clique. Essa é a centelha inicial que, lá na frente, pode evoluir para interesse, consideração e finalmente uma compra.
Essa dinâmica é ainda mais evidente em produtos ou serviços que não têm demanda já formada. Se ninguém conhece seu produto, seu método, sua marca, é natural que a primeira reação do público seja curiosidade. E isso é um ótimo sinal: significa que sua comunicação conseguiu romper a indiferença.
Quando você lança uma mentoria nova, por exemplo, ou um produto inovador que as pessoas não sabem que precisam, seu primeiro desafio não é convencer alguém a comprar — é apresentar, explicar e provocar curiosidade suficiente para que essa pessoa queira saber mais. Se seu anúncio está gerando curiosos, você está no caminho certo.
2. Produtos com Demanda Formada: A Estratégia Muda
Por outro lado, quando falamos de produtos que já têm demanda clara e consolidada, a lógica muda. Vamos usar o exemplo do iPhone.
Todo mundo sabe o que é um iPhone. Todo mundo já tem uma noção de preço, status e benefícios. Nesse caso, sua publicidade deve sintonizar com pessoas que já querem um iPhone. É um público mais decidido, que está comparando preço, condições de pagamento ou confiabilidade do vendedor.
Se você faz um anúncio de iPhone e ele só atrai pessoas curiosas que nunca pensaram em trocar de celular, é sinal de que algo está errado no criativo ou na segmentação. Talvez o anúncio tenha sido genérico demais, ou tenha sido direcionado para públicos amplos que não manifestaram interesse prévio. Nessa situação, não é o curioso que é ruim. É a campanha que não conseguiu atingir a demanda correta.
3. O Erro Está na Publicidade, Não na Curiosidade
Um ponto essencial que muitos esquecem é que, se você está impactando pessoas que não fazem parte da demanda formada do produto, isso indica que sua publicidade:
- Escolheu um público errado, ou
- Criou um criativo (texto, imagem, vídeo) que não conversa com quem já deseja comprar.
Portanto, culpar o curioso é transferir a responsabilidade de uma campanha mal planejada.
O verdadeiro problema não é quem se interessou em saber mais — e sim por que sua mensagem não conseguiu atrair quem já estava pronto para comprar.
4. Curiosos São Essenciais Para Produtos Sem Demanda Definida
Se você está no mercado de serviços de mentoria, infoprodutos ou qualquer solução inovadora que ainda não faz parte do imaginário coletivo, atrair curiosos é sua missão principal no começo.
O raciocínio é simples:
- Ninguém conhece você ou seu método.
- Sua publicidade precisa apresentar a proposta de valor.
- Se o público ficou curioso, significa que seu anúncio foi eficaz ao despertar atenção.
- A partir desse ponto, seu trabalho é conduzir esse público até a compreensão de que seu produto resolve um problema ou satisfaz um desejo.
Ou seja: gerar curiosidade é o primeiro estágio natural e desejável do processo de conversão.
5. Transformando Curiosidade em Compra
É aqui que a maioria se perde. Não adianta atrair curiosos se você não tiver estratégias para educar, nutrir e provar valor.
Você precisa:
- Mostrar autoridade e credibilidade.
- Explicar claramente como seu produto resolve o problema.
- Comprovar resultados (depoimentos, provas sociais, cases).
- Remover objeções.
- Conduzir ao próximo passo com chamadas para ação.
Quando você faz esse trabalho de construção de percepção e relacionamento, muitos dos curiosos se tornam compradores. E, com o tempo, aqueles que não compram ajudam a espalhar a mensagem, comentando, salvando e compartilhando seus conteúdos — expandindo organicamente seu alcance.
6. Por Que a Cisma com Curiosos é Coisa de Novato
No início da minha trajetória no marketing, confesso que também caí nessa armadilha. Eu via os curiosos como “um problema”: pessoas que consumiam meu conteúdo, perguntavam muito, mas não compravam nada.
Com o tempo e com a prática, compreendi que isso acontece porque ainda não havia um relacionamento construído, ou porque eu estava lidando com um produto que precisava de mais etapas de conscientização.
Hoje sei que a jornada de compra é composta por diferentes níveis de consciência. E lá no topo do funil, ser assertivo significa justamente provocar curiosidade. O comprador de amanhã muitas vezes começa como o curioso de hoje.
Essa percepção só não é clara para quem ainda não domina o ciclo completo do funil de vendas.
7. Conclusão
Se você chegou até aqui, guarde este princípio: não existe vendas sem curiosidade.
A curiosidade é o portal de entrada para qualquer relacionamento entre uma marca e um potencial cliente.
O verdadeiro desafio não é tentar excluir os curiosos, mas aprender a transformá-los em compradores.
Se sua campanha está atraindo pessoas desinteressadas em produtos com demanda formada, reveja seu público e seus criativos. Mas se você está vendendo algo novo ou pouco conhecido, comemore cada pessoa que chegou curiosa até você — porque é exatamente assim que começa o trabalho de educar, encantar e vender.